quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Eu também vou reclamar

Todo mundo tem que reclamar
Eu vou tirar meu pé da estrada
E vou entrar também nessa jogada
(RaulSeixas)
 
 
Eu decidi que vou botar meu time em campo. Eu vou dizer em alto e bom som: sou contra. Contra o quê? Aos maus tratos, ao amor pela metade, aos telefones que não tocam. Sou contrária aos pensamentos reprimidos, aos comprimidos que garantem felicidade e boa noite de sono. Sou contra! Contra às bandeiras recolhidas, ao não-viver. Sou contra se esconder. Chega de gritos contidos.
A favor das palavras que são ditas de verdade, aos amores um pouco bandidos, à fome insaciável por saber, sou a favor do querer. Gosto de gente com a cara lavada, com os olhos iluminados, porque gosto de luz. Menos quando acordo cedo. Gosto de quem é sendo. Gosto de elefantes e suas memórias. Gosto dos diários e suas histórias. Gosto de quem gosta de ouvir. Gosto de quem gosta de falar.
Não quero preconceitos, eu quero é ter direitos. Sou contra quando me falam que é conversa de adulto. Sou contra não poder passear com meus leões pelas ruas da Malásia. Sou contra a guerra de armas. Sou contra a guerra de palavras. Sou contra a guerra de sentimentos. Nas guerras, não há vencedores. Nem mesmo nas de travesseiros.
Sou a favor do chimarrão no fim da tarde. Da música lenta e da conversa baixinha ao pé do ouvido.
Sou a favor das flores, das cores, dos amores livres, do sorriso leve e franco. 
Não gosto desse texto, mas não o escrevo só por escrever. Não acho justo ter pensado nele por cinco quarteirões e o deixar morrer. Essas palavras fizeram por merecer a vida. Todos fazem.
Sou a favor de você, de mim. Sou a favor de quem gosta de viver. De quem sorri para a vida e a agarra com as unhas.

E não gosto de finais, embora sejam necessários.