terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre não conseguir

O que eu mais gostava de fazer, desde criança, era escrever. Gostava por poder me desmanchar nas palavras, de poder ser tão eu. Ser minha. Mas, desde uns tempos, parei. Não sei o que aconteceu. Parei. Seja o que for, escrevo, leio, o melhor destino para todos os textos escritos desde então é a lixeira. A solidão da lixeira. Mas permanecem. Procuro a solução para isso, nunca encontro. Falta inspiração, não sei, falta tudo. Falta-me.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

E o que vai ficar na fotografia.

Algumas vezes acho que nasci para ser estrangeira. De mim, até. A gente nunca se conhece por completo. De repente dá de cara com alguma atitude que jamais pensou que poderia ter. Encara saudades que nunca pensou sentir. Encontra. Não sei muito bem como funciona ser estrangeiro em algum lugar, em outro país. Nunca saí do país em que nasci, nunca viajei muito mais que onze horas de ônibus. Mas saí da casa dos meus pais. Então as outras coisas - que mais pareciam o mundo todo - se abriram. A gente vê mais, a gente quer conhecer mais quando é turista. Por mais que a gente se familiarize, por mais que crie raízes, a gente sempre vai sentir uma vontade de sair com uma câmera registrando tudo do novo. De novo. Já fiz isso milhares de vezes. Fotografei a minha varanda, fotografei a montanha ali da frente. Acostumei-me a essa visão e, passou um tempo, voltei a fotografar de novo. E o farei novamente, com toda a certeza. Algumas vezes acho que nasci para ser estrangeira. De mim, até. Dos meus amores. Das minhas dores. Vez por outra um sentimento novo aparece. Vez por outra fotografo sentidos antigos, talvez para não esquecer. Existem saudades que são boas de sentir.